Papa Francisco morre aos 88 anos: o mundo se despede do pontífice da compaixão e da justiça social
Por Ricardo Patrese – Especial para o Chapada Urgente
Na manhã desta segunda-feira, 21 de abril de 2025, o mundo amanheceu mais silencioso. Papa Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio, faleceu aos 88 anos, no Vaticano, vítima de complicações decorrentes de uma pneumonia bilateral. O pontífice estava internado há dez dias no Hospital Policlínico Agostino Gemelli, em Roma, após semanas enfrentando problemas respiratórios que se agravaram nos últimos dias.
O anúncio oficial de sua morte foi feito pela Santa Sé por volta das 6h no horário de Brasília, e rapidamente repercutiu em todos os continentes. Líderes religiosos, chefes de Estado, organizações humanitárias e milhões de fiéis prestaram homenagens ao pontífice que marcou uma era na Igreja e no mundo.
O Primeiro Papa Latino-Americano e Jesuíta
Nascido em Buenos Aires, na Argentina, em 17 de dezembro de 1936, Jorge Mario Bergoglio foi eleito papa em 13 de março de 2013, após a renúncia histórica de Bento XVI. Sua escolha já foi, por si só, um marco: o primeiro papa latino-americano, o primeiro jesuíta e o primeiro não europeu em mais de 1.200 anos.
Francisco trouxe para o trono de Pedro uma nova linguagem, voltada ao povo, com simplicidade e empatia. Recusou os luxos do cargo, optando por viver na Casa Santa Marta, em vez dos aposentos pontifícios, e sempre foi visto como um homem próximo, que tocava, ouvia e caminhava com os fiéis.
Um Pontificado de Reformas e Coragem
Desde o início, o pontificado de Francisco foi marcado por uma agenda ousada. Ele enfrentou com firmeza as estruturas arcaicas da Cúria Romana, promoveu transparência financeira no Vaticano, e agiu com coragem diante dos escândalos de abuso sexual que atingiram a Igreja.
Destacou-se por encorajar um cristianismo centrado no amor e na misericórdia, e não no rigor moral. Em documentos como a encíclica Laudato Si’, abordou com profundidade a crise ambiental, chamando atenção do mundo para a “casa comum” e a urgência de preservá-la. No texto Fratelli Tutti, defendeu a fraternidade universal como base para um mundo mais justo.
Francisco também mostrou abertura ao diálogo com outras religiões, aproximou-se de líderes muçulmanos, judeus, budistas, e foi figura ativa em apelos por paz em zonas de conflito.
O Papa da Ternura
Chamado por muitos como o “Papa da Ternura”, Francisco soube traduzir o Evangelho em gestos concretos. Lavou os pés de imigrantes, visitou presídios, abraçou doentes, beijou crianças com deficiência, e jamais se afastou das periferias do mundo — físicas e existenciais.
Seu olhar para os pobres, refugiados e marginalizados sempre foi firme: “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído às ruas, do que uma Igreja doente pelo fechamento e pelo comodismo”, disse certa vez.
Um legado que ultrapassa a Religião
Papa Francisco não foi apenas uma liderança católica: foi uma das vozes mais respeitadas do século XXI. Falava aos corações, mesmo dos que não professavam nenhuma fé. Denunciou o sistema econômico que mata, clamou por compaixão nas políticas migratórias, criticou o populismo autoritário, e se posicionou com clareza diante da indiferença global.
Foi, também, o papa dos jovens. Criou espaços de escuta, promoveu encontros e incentivou a participação ativa das novas gerações na transformação do mundo. Muitos o viram como um avô afetuoso, mas também como um profeta que soube apontar feridas e caminhos.
A Reação do Mundo
A morte de Francisco gerou uma onda de homenagens em todas as partes do globo. O presidente do Brasil, governadores, prefeitos e líderes religiosos expressaram pesar. O Papa Francisco era amplamente respeitado por sua postura conciliadora e seu profundo compromisso com a justiça social.
Em Piritiba, a prefeita Leandra divulgou nota oficial:
“Com tristeza, nos despedimos do Papa Francisco, que nos deixa um legado de amor, ternura e fé viva. Seu exemplo seguirá iluminando o mundo.”
Na Argentina, sua terra natal, três dias de luto foram decretados. Em Roma, fiéis formam longas filas em vigília diante da Basílica de São Pedro, onde o corpo será velado até o funeral, que ocorrerá na próxima sexta-feira.
O fim de uma era
Com sua morte, encerra-se um dos pontificados mais marcantes da história moderna da Igreja. Francisco não apenas liderou, mas reconfigurou o modo como o mundo vê o papel espiritual e social da Igreja Católica.
A cadeira de Pedro aguarda agora um novo sucessor, mas o espírito de Francisco já se inscreveu nas páginas da História — como aquele que escolheu o nome do santo da paz, da simplicidade e do cuidado com os pobres. E honrou esse nome com cada gesto e palavra.
Ricardo Patrese – Jornalista do Blog Chapada Urgente
Piritiba, Bahia – 21 de abril de 2025